quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Hoje em Braga




















Croissants e pão quente por perto das paredes onde o dono mandou escrever algumas letras da história de Portugal. Um café pelo preço de sessenta cêntimos, uma denúncia pela culatra e uma reportagem perdida. Coisa pouca. Nove e um quarto na parede, estava toda esta pequenez por acontecer.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O azar do lugar certo à hora errada




















O homem sentado ao meu lado no balcão do café faz-me lembrar da teoria demolidora da câmara do Porto, segundo a qual, o indício ou evidência da existência de droga num prédio se resolve com a destruição do mesmo, do prédio.
Porque estou sentado à espera de um café e de meia torrada, o cheiro do homem sentado ao meu lado vem até ao meu nariz e o que a seguir vos digo foi o que a seguir cheirei: mijo, suor e merda. Aqui chegado a esta condição, se eu fosse como a câmara do Porto, eu, para resolver o problema do mau cheiro, mandava implodir o nariz, destruia-o por completo, à bomba. Azar o meu, o de não ter no rosto um património imobiliário.

A utilidade do televisor no guarda-vestidos






















Ao lado direito da entrada principal do teatro Nacional de S. João, no Porto, nesse lugar onde morrem duas ruas e uma praça, acaba de estacionar um carro de reportagem da RTP. Os comedores, ao balcão do Gazela, voltaram-se todos para o Renault Clio e sem nunca terem deixado de mastigar, continuaram a seguir os passos do condutor, que acabou por entrar no lugar de onde vinham, e onde estavam, todos os olhares curiosos. O condutor teve o tempo de antena correspondente ao esvaziar de meio copo de príncipe, falou com os amigos que estavam outra ponta do balcão, que por acaso éramos nos, e foi embora.
Veio até nós o senhor que tem a profissão de arranjar lugar e organizar o espaço a quem ali chega e tem de comer em pé. Vocês também são da televisão? Ainda me lembro de ter a televisão no guarda-vestidos. Foi há trinta e seis anos. Vinham os fiscais da RTP de surpresa. E nós escondíamos sempre a televisão dentro do guarda-vestidos. Era para não pagar a taxa.

Na parede à direita da parede onde está este relógio - e o reflexo da lâmpada - o televisor está na SIC, durante as notícias, por volta desta hora. Na RTP não, porque podem chegar a qualquer momento os fiscais da RTP e entre o balcão, os bancos, os pires dos cachorrinhos, os copos de cerveja e as chávenas de café,  a ventoinha no tecto e as escadas para a cave e para o primeiro andar, não há espaço para um guarda-vestidos.