quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A utilidade do televisor no guarda-vestidos






















Ao lado direito da entrada principal do teatro Nacional de S. João, no Porto, nesse lugar onde morrem duas ruas e uma praça, acaba de estacionar um carro de reportagem da RTP. Os comedores, ao balcão do Gazela, voltaram-se todos para o Renault Clio e sem nunca terem deixado de mastigar, continuaram a seguir os passos do condutor, que acabou por entrar no lugar de onde vinham, e onde estavam, todos os olhares curiosos. O condutor teve o tempo de antena correspondente ao esvaziar de meio copo de príncipe, falou com os amigos que estavam outra ponta do balcão, que por acaso éramos nos, e foi embora.
Veio até nós o senhor que tem a profissão de arranjar lugar e organizar o espaço a quem ali chega e tem de comer em pé. Vocês também são da televisão? Ainda me lembro de ter a televisão no guarda-vestidos. Foi há trinta e seis anos. Vinham os fiscais da RTP de surpresa. E nós escondíamos sempre a televisão dentro do guarda-vestidos. Era para não pagar a taxa.

Na parede à direita da parede onde está este relógio - e o reflexo da lâmpada - o televisor está na SIC, durante as notícias, por volta desta hora. Na RTP não, porque podem chegar a qualquer momento os fiscais da RTP e entre o balcão, os bancos, os pires dos cachorrinhos, os copos de cerveja e as chávenas de café,  a ventoinha no tecto e as escadas para a cave e para o primeiro andar, não há espaço para um guarda-vestidos.

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