terça-feira, 27 de setembro de 2011

Ficar a saber




















Fiquei a saber, hoje, da existência de um muro itinerante, nos Estados Unidos, chamado Muro Ambulante, que percorre as cidades. Fiquei a saber que morreram cinquenta e nove mil duzentos e oito soldados americanos na Guerra do Vietname, e que os nomes dos mortos estão gravados nesta réplica de parede, a uma escala reduzida do Muro original, que está em Washington. Fiquei a saber do muro no livro A Mancha Humana, de Philip Roth, fiquei a saber que existe uma palavra chamada caçanho na página número duzentos e cinquenta e seis, fiquei a saber que a palavra caçanho não vem nos dicionários portugueses, e porque perguntei, fiquei a saber que dois dos meus amigos sabem o significado de caçanho e o partilharam comigo.
Fiquei a saber que o silêncio do ex-combatente Les Farley diante do muro queria dizer morte e que o ex-combatente Swift ouvia o muro a chorar. Fiquei a saber o preço da minha despesa, setenta cêntimos por um café, com vista para a cor verde das dunas e branca, suja, da areia. Fechei o livro e fui ao ginásio, onde fiquei a saber que uma parede amarela é um lugar belíssimo para colocar um relógio.

Sem comentários: