sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O desvio bendito




















Um telefone toca, às duas horas da tarde, no interior de um carro, estava a ponte da Arrábida no horizonte. O fato, pendurado nas costas do lugar do morto, convém não esquecer de o levar à levandaria, obrigado pelo lembrete, lá se faz então a curva, mesmo antes da ponte, na saída da auto-estrada para o centro comercial. Ficou o fato a lavar a seco, com protecção perguntou a senhora, com protecção respondeu o senhor, e guarde-me o cabide, disse, enquanto vou ao supermercado.
Comprou fio dental  para o dentes de marca branca e foi para o meio dos livros porque se tinha esquecido em casa do livro que está a ler. Encontrou as últimas entrevistas do Roberto Bolaño, foi às páginas do fim e numa diagonal leu o Bolaño a falar de futebol e dizer que era canhoto. Não quis saber de mais. Fechou o livro, comprou e pagou. Que maneira belíssima de encher o tempo até à hora do Porto-Benfica desta noite.

(fotografia de Roberto Bolaño, Últimas entrevistas, tirada à porta de uma loja de roupa de senhora)

Sem comentários: