domingo, 25 de setembro de 2011

A importância da tuberculose nas relações humanas




















As pessoas portadoras de incertezas sobre a totalidade do significado da palavra bacilo, abrem o dicionário na segunda letra do abecedário, procuram bacilo e para ficarem esclarecidas lêem o significado: vibriões! Neste caso, as pessoas portadoras da tal incerteza avançam lá mais para o escopo do dicionário, escopo quer dizer fim, e procuram vibrião. Vibrião é o "género de bactérias alongadas com forma curva ou inflectida". Isso é um vibrião. Isso é um bacilo.
Um dia, na Alemanha de há mais de cem anos, numa cidade chamada Clausthal, nasceu um rapaz com três nomes próprios chamado Heinrich Hermann Robert. O rapaz quando foi grande quis ser médico, foi o doutor Koch, Robert Koch, responsável pela descoberta do bacilo causador da tuberculose.
Comtemporâneo do alemão Koch, um inglês nascido em Gloucester com dois nomes próprios, William Ernest, William Ernest Henkley quando foi grande. E foi poeta. Aos 53 anos perdeu a vida para tuberculose. A doença que lhe tirou o corpo não tinha como saber da poesia. Estragou-lhe o pulmões, a laringe, os ossos, as articulações. A pele. A perna. Estragou-lhe isto tudo, mas em nenhum desses lugares lhe encontrou a poesia, e ele, num dia da luta contra a morte, deixou um papel e um título, Invictus, e um corpo imortal. Essa dúzia de versos chegou a toda ao país inteiro, foi como as pestes, em silêncio, de corpo para corpo, ultrapassou os limites da língua inglesa, traduziu-se, viveu para sempre. Na África do Sul, saiu com Mandela da prisão de Robben Island, para a mão do capitão da equipa de rugby, para as mãos de todos os outros jogadores, para as bancadas, para os estádios, para as cidades, foi devolvida ao mundo inteiro e chegou aqui porque um dia o limite da dor de um poeta encontrou as palavras certas e cumpriu a missão.

(O estádio da fotografia não é na África do Sul. Está aqui por ser um estádio. E por ter um relógio)