domingo, 2 de outubro de 2011

A anatomia de Reis





















Um joelho desfeito na perna esquerda, a rótula esmigalhada ao pontapé fez um ano, ficou um relógio no tendão posterior da coxa esquerda, que não dói necessariamente, é lume, do joelho à anca, por dentro.
Um biqueiro no tornozelo direito, no lado de fora, e até o tendão de aquiles abanou, no pé direito, dói durante a corrida, dói ao chutar com força, e do mesmo lado, o tendão entre o tornozelo e joelho, queima por dentro, perto do joelho.
Os ligamentos do joelho esquerdo tem vezes como um disco do travão do carro sem calços, no ferro.
O futebol é uma estrada difícil e só tem dois destinos: o céu ou o inferno. A máquina humana de um jogador quando dói pode estragar a equipa toda, mas quando dói e o corpo aguenta sem saber porquê, o esqueleto remendado e os pulmões saturados também podem aguentar uma corrida de cinquenta metros à espera de haver ainda óxigénio no cérebro para escolher o lado certo do guarda-redes e deixar a bola no fundo da rede e fazer o resultado que toda a equipa do Serzedo soube guardar até ao fim e neste dia o fim era uma taça prateada de um torneio de futebol em Gulpilhares.
Golo e troféu para os nossos mais antigos e fundadores companheiros dos veteranos do Serzedo, que estiveram sentados na parte de cima do balneário, lugar também conhecido por bancada, e que, três horas depois deste relógio, sorriram e abraçaram o verbo ganhar. A taça é nossa!

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