quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Histórias de homens à prova de bala (1)





















Norte de Portugal, anos 80, resquícios do ensino secundário.
Estás com 12 anos, és novo no meio, não és dali, aqueles amigos não os teus vizinhos, não são os teus colegas de equipa no futebol, aquela freguesia não é a tua. E estás com 12 anos. O que corpo que tens já não é o que tinhas, foste de férias com uma voz, vieste do verão com outra, és alguma coisa à espera de acontecer.
Estás com 12 anos, os que estão com 18 têm pêlos na cara, pêlos nas pernas e tu não, os que estão com 18 anos estão como se estivessem da idade dos teus pais. É há sempre entre os que estão com 18 anos aquele que é o mais alto, o mais forte, o que veste mais roupas diferentes ao longo da semana, e conduz carros, coisa que só os pais e as mães fazem, e conduz motas, e conduz todos os outros a um estado dormente, reverente, simpático, respeitador, respeitador de quando o respeito tem aquela cara que o medo tem, e ele assim, tem os amigos todos que quer porque ninguém um inimigo assim.
Hoje fiquei a saber que morreu num acidente de viação há mais de vinte anos. Os meus sentidos pêsames.


- relógio escolhido por ter o 12 (XII) bem visível

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