Alguém toca à campainha. Espreitar pelo olho da porta dá-me uma perspectiva angulada e ao longe de dois homens, cada um com o seu trompete na mão, cada um com o seu chapéu de pano na cabeça.
Sem perguntar por quem é, tiro a porta do trinco, deixo-a ficar encostada e regresso ao sofá, volto-me a sentar.
Os dois homens entram, arranjam-se de pé cada um de um lado do televisor e ficam a olhar por cima da minha cabeça para o lugar onde estava a mesa da sala e onde está uma bateria, com o amigo deles, muito parecido como Richie Tenenbaum. Trocam segredos rápidos com os olhos e começam a tocar os três, a bateria e os trompetes. Entra na minha sala um rapaz de cabelo comprido e camisola lilás de manga curta que já vem com o violino no queixo e o arco nas cordas. Entra na minha sala uma rapaz parecido com o homem que é parecido com o Richie Tenembaum, mas sem cabelo, e com um baixo. Entram na minha sala dois homens gémeos, mais ou menos com a minha estatura, um traz uma guitarra eléctrica na mão, o outro senta-se a um piano que não sei de onde veio. Entra na minha sala um homem alto, vem com uma barba loira, umas calças de ganga escuras e um blazer preto. Chama-se Matt Berninger e começa a cantar qualquer coisa sobre Londres. Esta viagem a Inglaterra, e a uma catedral em Los Angeles, não custou um centavo. A imaginação é barata, como barato vai ser o preço da roupa de uma loja low-cost a abrir na esquina de Sá da Bandeira com Fernandes Tomás, no Porto. Já faltou mais tempo para loucóste ser uma das palavras mais portuguesas de sempre.
(exemplo: a bicicleta - como na imagem - é um bom exemplo de meio de transporte loucóste)
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